Blog da Oréades

    Meio Ambiente – Tecnologia – Educação Ambiental

    Uma opção de ferramenta bastante útil para quem trabalha com Sistemas de Informação Geográfico (SIG) e necessita de catalogar e compartilhar metadados geográficos pode ser o GeoNetwork.

    Segundo o Manual do Usuário GeoNetwork IBGE o GeoNetwork é: Um sistema de gerenciamento de informações geoespaciais aberto e baseado em padrões, projetado para permitir o acesso a bases de dados georeferenciadas e a produtos cartográficos disponíveis em diversos provedores, através de metadados descritivos, potencializando o compartilhamento de informação entre organizações e seus usuários, utilizando os recursos da Internet. O sistema oferece, a uma ampla comunidade de usuários, acesso fácil e em tempo hábil a dados geoespaciais e mapas temáticos a partir de fontes multidisciplinares, as quais podem apoiar o processo de tomada de decisões. Seu principal objetivo é aumentar a colaboração entre organizações, reduzindo a duplicação, aumentando a qualidade e a consistência da informação.

    O projeto faz parte da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo) e pode ser encontrado em http://geonetwork-opensource.org. Dentre os diversos recursos existentes podemos enumerar alguns como:

    • O software possui diversos recursos como disponibilidade de padrões (Dublin Core, FGDC, ISO19139 entre outros), que podem ser utilizados no momento da catalogação dos metadados, sem contar que se pode criar um padrão personalizado a partir de qualquer um desses padrões;
    •  Controle de acesso de usuário através de cadastros de grupos e permissões;
    •  Cadastro de categorias para facilitar a busca posteriormente;
    •  Possibilidade de uploads/downloads de arquivos;
    •  Recursos de comunicação com outros nós (outros computadores que tenham o GeoNetwork instalado) na internet e realizar a colheita (Harvesting) de dados públicos desses sistemas mantendo-se todos os direitos de acesso; e
    •  Para quem trabalha com os softwares ArcGis existe a possibilidade de importação dos metadados gerados nesses softwares.

    Obviamente pelo fato do GeoNetwork ser um software livre, qualquer um que tenha conhecimentos suficientes pode personalizá-lo caso deseje.

    Vamos então a um rápido tutorial de como instalar e configurar o GeoNetwork. Então basta seguir os seguintes passos:

    1. Entre no site http://geonetwork-opensource.org/, vá em download e realize o download do arquivo geonetwork-install-2.6.4-0.exe (para sistemas Windows, caso use Linux é possível também baixar o arquivo .jar), na época em que este texto foi escrito sua versão era a 2.6.4.
    2. Instale o sistema (execute o arquivo e vá clicando em próximo).
    3. Assim que instalado é hora de realizar algumas configurações (caso deseje).
    4. Configurando o GAST
      1. O GAST é um software que irá ajudá-lo a realizar algumas configurações básicas, como a troca de seu DBMS.
      2. Caso quando você abrir o GAST ele não aparecer uma tela parecida com o da figura 1, e sim uma tela pedindo para você indicar alguns diretórios, é porque ele não conseguiu encontrar os arquivos de configuração. Então, entre na pasta onde o GeoNetwork foi instalado e verifique o caminho correto dos arquivos que ele pede e preencha os campos com as informações corretas. Assim que você indicar todos os caminhos corretos deverá ser aberto uma tela semelhante a da figura 1.

    Figura 1 – Tela de configuração do GAST

    1. O GeoNetwork por padrão vem com o Banco de Dados Mckoi (http://www.mckoi.com/Mckoi%20SQL%20Database.html), porém é possível alterar para um banco MySQL, PostGres ou ainda Oracle. Para isso abra o GAST, vá no item Configuration → DBMS selecione no comboBox o seu DBMS preferido e entre com as informações pedidas.

     

    5. Jetty

    1. O jetty (http://jetty.codehaus.org/jetty/) é um servidor HTTP e Servlet Container 100% escrito em Java, e este é usado pelo GeoNetwork como Servlet Container. Porém, caso deseje, é possível utilizar o outro Servlet container como por exemplo o Tomcat.

    Para mais informações de como instalar, configurar e usar o GeoNetwork acesse http://geonetwork-opensource.org/docs.html (em inglês). Em http://lcbahiana.net/Textos /geonetwork.pdf irá encontrar um manual do IBGE (em português) que também poderá ser de grande ajuda.

    Este tutorial foi elaborado baseado nos processos realizados pela Oréades – Núcleo de Geoprocessamento durante a implantação do GeoNetwork em seu servidor em 2011. O sistema ainda não está totalmente operante na ONG, porém, espera-se que com sua total implantação todo o processo de busca por informações geográficas fique consideravelmente mais fácil, o que irá otimizar os trabalhos realizados na instituição e ainda servir como fonte de pesquisa pela comunidade.

    O PAPEL DAS PEQUENAS COMUNIDADES RURAIS  DE MINEIROS NA DEFESA DA AGROBIODIVERSIDADE

    O município de Mineiros é privilegiado: possui 80% do Parque Nacional das Emas no seu território (122.000 hectares); é área de recarga do Aquífero Guarani; possui mais de 5.000 nascentes. Não é pouca coisa num mundo preocupado com a conservação ambiental. Mas não para por aí, o município também se destaca pelas suas comunidades rurais e quilombolas, onde pequenos produtores tem sido verdadeiros guardiões de sementes, contribuindo de forma grandiosa para a manutenção da agrobiodiversidade.

    Com apoio de instituições parceiras essas comunidades têm trabalhado para que espécies que fizeram parte do hábito alimentar como o mangarito (Xanthosoma mafaffa Schott), o ora-pró-nobis (Pereskia aculeata Mill.) e a araruta (Maranta arundinacea L.) continuem cultivadas e preservadas. Do contrário essas sementes podem desaparecer para sempre.

    No entanto, é de fundamental importância a articulação entre as organizações dos agricultores e as diferentes instituições (ONGs, movimentos sociais e instituições públicas) na construção de alternativas à conservação da agrobiodiversidade local.

    Algumas iniciativas de apoio a essas comunidades já estão sendo realizadas e estão abertas à sociedade em geral. Um exemplo é a Festa da Semente que acontece anualmente com a participação de famílias assentadas, quilombolas e cooperativa dos pequenos produtores.  Outra iniciativa é a formação do Núcleo de Agroecologia (FIMES, pequenos produtores rurais e parceiros) com objetivo de difundir técnicas de produção sustentável.

    A participação da população é essencial para preservação de toda essa riqueza natural e cultural, seja se envolvendo nos eventos, seja consumindo produtos socialmente justos e ambientalmente corretos produzidos pelos pequenos produtores locais ou até mesmo se tornando um guardião de sementes. Com apoio de TODA sociedade é possível resgatar hábitos perdidos e melhorar a qualidade dos alimentos que chegam a nossa mesa. 

    Roberta Mota Carvalho e Márcia Maria de Paula

     

    A  partir da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro-Rio-92 , a educação ambiental encontrou espaço necessário para se consolidar como opção pedagógica críticas aos modelos  até então vigentes. Esse encontro foi considerado como grande catalisador educativo na sociedade brasileira e planetária.

    Ao analisar todo material pedagógico produzido depois da realização da Rio-92  é possível observar  orientações importantes  para a prática da educação ambiental na Escola, das quais destacamos algumas:

    1-      A Educação Ambiental deve empregar metodologias que permitam aos alunos questionar dados e idéias sobre temas abordados, propor soluções e apresentá-las.

    2-      É preciso mostrar o tema meio ambiente a partir de uma visão não só dos elementos naturais, mas também dos elementos construídos e de todos os aspectos sociais envolvidos.

    3-      Os recursos didáticos utilizados, desde os mais simples aos mais  sofisticados, vão  depender da criatividade do professor. Como sugestão:  a própria aula dada, quando se busca relacionar os problemas ambientais vividos pelos alunos e o conhecimento científico existente sobre o mesmo; reflexão sobre artigos publicados na imprensa, programas e reportagem de televisão entre outros.

    4-      Inserir a proposta de Educação Ambiental da Escola no Projeto Político Pedagógico e evitar trabalhá-la de forma pontual (somente no dia da Árvore, no Dia do Meio Ambiente).

    Para finalizar vale uma reflexão de CASCINO(2003) sobre Educação Ambiental:

    “ Esta nova educação só se constitui no cruzamento de conceitos simples, mais vitais à qualidade e ao equilíbrio da vida na Terra: cooperação, pluralismo, paz, ética, criatividades, afetividades, resistência, solidariedade, dignidade, coletividade, participação, igualdade, espiritualidade e amor. “

     

    O segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado, um dos ‘hotspots’ para a conservação da biodiversidade mundial, nos últimos 35 anos teve mais da metade dos seus 2 milhões de km² originais cultivados com pastagens plantadas e culturas anuais (Machado et.al. 2004). Esse ambiente, marcado pelo inverno seco e verão chuvoso, onde a precipitação média anual é de 1200 a 1800 mm, possui, ao menos, 12 mil espécies de plantas catalogadas de árvores, arbustos, gramíneas endêmicas, e mais de mil espécies de mamíferos e aves, muitas delas ameaçadas de extinção. Esse bioma é um dos mais ameaçados pelo desenvolvimento econômico, onde as monoculturas e a pecuária extensiva lideram como principal fator de transformação e, segundo resultados de pesquisas científicas, esse bioma pode desaparecer até 2030, caso as práticas de desenvolvimento se mantenham como estão. (Machado et al., 2004) .

    No sentido conservacionista, vários tem sido os esforços a fim de garantir a manutenção do bioma, por parte de ONG’s, iniciativa privada, orgãos governamentais e comunidade científica. Uma destas ações são os Corredores de Biodiversidade,  inspirados   no relatório resultante do trabalho de identificação das áreas prioritárias para a conservação da Biodiversidade no Cerrado e Pantanal de 1998, iniciativa esta do Ministério do Meio Ambiente.

    Neste contexto foi criado em nossa região, o Corredor de Biodiversidade Emas Taquari que liga o Parque Nacional das Emas ao Parque Estadual das Nascentes do taquari. As áreas que fazem parte desse corredor são basicamente as identificadas como prioritárias para conservação do Cerrado, ou seja, que merecem atenção especial por parte de governos, órgãos de meio ambiente e da sociedade em geral pelos recursos naturais e espécies de animais e plantas que abrigam. Abrange parte de 15 municípios nos Estados de GO, MS e MT: Chapadão do Céu, Mineiros, Portelândia, Santa Rita do Araguaia e Serranópolis (Sudoeste Goiano), Alcinópolis, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Pedro Gomes, Rio e Verde Sonora (Centro Norte Sul-mato-grossense), Alto Araguaia, Alto Garça e Alto Taquari (Sudeste Mato-grossense).

    O QUE UM CORREDOR DE BIODIVERSIDADE NÃO É?

    • Mecanismo de interferência nas propriedades privadas
    • Tentativa de engessamento das atividades econômicas de uma região
    • Mecanismo de centralização de atividades e recursos

    O QUE UM CORREDOR DE BIODIVERSIDADE É?

    • Mecanismo de colaboração efetiva entre vizinhos para o uso de bens comuns
    • Oportunidade para melhorar o sistema de gestão e uso dos ecossistemas naturais de uma região
    • Oportunidade de agregar valor as atividades econômicas já existentes
    • Mecanismo de diversificação da economia local através da abertura de novas cadeias produtivas baseadas no uso sustentável da biodiversidade
    • Mecanismo para a abertura de novas fontes de crédito e oportunidades de negócios
    • Oportunidade para demonstrar efetivamente que é possível compatibilizar conservação e atividades produtivas

    O QUE O CORREDOR DE BIODIVERSIDADE EMAS TAQUARI CONSERVA ?

    O maior reservatório subterrâneo de água doce do continente – O Aqüífero Guarani . Considerado uma das reservas estratégicas de água doce do planeta e que aflora na borda das chapadas da região, explicando a enorme quantidade de nascentes.

    Nascentes de rios – Os rios que nascem no Corredor são importantes para a Bacia do Paraná (Sucuriú, Aporé, Formoso, Paraíso e Rio da Prata) e Bacia do Paraguai (Taquari, Taquarizinho e Ribeirão do Engano).

    Espécies ameaçadas de extinção – ex.: o curiango asa-de-telha  só ocorre no Parna Emas; sua única população conhecida no Brasil habita o Parque.

    Plantas medicinais e conhecimento tradicional – Cerca de 300 espécies de plantas do Cerrado têm uso na medicina popular. A Comunidade do Cedro, remanescente quilombola (Mineiros), produz xaropes, pomadas, comprimidos para tratamento de vermes com plantas como a sucupira, o barbatimão, o mentrasto, a tanchagem e o velame.

    Além de ser uma alternativa eficaz para tratamentos de saúde, o uso de plantas medicinais por comunidades tradicionais representa uma possibilidade de uso sustentável desse recurso.