Projeto Carbono



Descrição da biodiversidade atual existente na zona do projeto

O Cerrado é considerado a mais diversificada savana tropical do mundo. O número de espécies vegetais supera 6.000. A riqueza de espécies de peixes, aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados é igualmente grande, possui a metade das espécies de aves, 45% dos peixes, 40% dos mamíferos e 38% dos répteis de ocorrência no Brasil. Estima-se que nada menos do que 320 mil espécies ocorram no Cerrado. Esse valor representa cerca de 30% da biodiversidade brasileira, segundo as estimativas realizadas. Portanto, a biodiversidade do Cerrado é elevada, mas geralmente menosprezada (Embrapa)[1].

 

Tabela 1 - Estimativa de riqueza dos principais grupos animais e vegetais no bioma Cerrado

 

Grupos

Cerrado

Brasil %

Brasil

Mundo

Invertebrados

67.000

20,0

335.000

Sem informação

Plantas

6.600

12,0

55.000

280.000

Peixes

1.200

45,0

2.700

24.800

Aves

837

49,9

1.600

9.700

Mamíferos

212

40,5

524

4.600

Répteis

180

38,5

468

6.500

Anfíbios

150

29,0

517

4.200

Fonte : Embrapa[2]

 

A riqueza do Cerrado pode estar atrelada à proximidade com os biomas vizinhos. Por estar em uma posição central, o Cerrado mantém ecótonos com os biomas Atlântico, Amazônico, Caatinga e Pantanal. Outro fator de grande influência baseia-se na malha hídrica responsável pela grande oferta de habitats e fluxo das espécies. Através dos rios, vários organismos dos mais variados biomas encontram caminhos para migrar e povoar as regiões mais centrais do território brasileiro.

 

O Corredor Emas-Taquari, zona do projeto, possui um tamanho de 5.473.000 ha e está localizado na porção oeste do Cerrado, na divisa com o Pantanal. O corredor abrange nove municípios de três estados diferentes (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás). Esse corredor se apresenta como um território onde a vegetação nativa está fortemente fragmentada, numa situação mais ou menos estável, com duas importantes áreas protegidas e poucas oportunidades para a criação de áreas protegidas, resumida apenas a RPPNs. Para a região existe grande conhecimento sobre a biodiversidade e o grau de engajamento das comunidades e empresas pode ser considerado alto.

 

Em apenas 20 anos de intensa ocupação, os desmatamentos ultrapassam 70% da região, sendo que as áreas nativas remanescentes encontram-se bastante isoladas e mal manejadas. Considerando as unidades de conservação com área igual ou superior a 1.000 hectares, o corredor possui como áreas-núcleo do corredor o Parque Nacional das Emas, uma área com 130.000 hectares e criada em 1961, o Parque Estadual Nascentes do Taquari, uma área com 30.508 hectares e criado em 1999.

 

O Parque Nacional das Emas, foco do maior número de estudos e observações realizadas sobre a biodiversidade na zona do projeto, situa-se na área nuclear do cerrado e juntamente com o Parque Nacional de Brasília e o da Chapada dos Veadeiros, representa uma das principais reservas de Cerrado no Brasil e é considerada uma das maiores e mais bem preservadas (IBDF 1981), sendo, pois, uma das áreas criticamente prioritárias para a conservação do Cerrado (Conservation International 1999).

 

No levantamento florístico nas fisionomias de cerrado do PNE e entorno foram encontradas cerca de 600 espécies de plantas vasculares (Batalha 2001, Batalha & Martins 2002a). A classificação das formas de vida foi feita de acordo com o sistema de Raunkiaer (1934) e o espectro biológico dessa comunidade foi construído, comparando-o com o de outros tipos vegetacionais e outras áreas de cerrado (Batalha 2001, Batalha & Martins 2002b). A divisão fisionômica adotada foi a de Coutinho (1978).

 

Ramos-Neto (2000) realizou um mapeamento preliminar das formações vegetais, distinguindo, a partir de imagens de satélite Landsat, áreas de cerrado, floresta e campo úmido. O cerrado no PNE e entorno apresenta quase todas as suas variações fisionômicas, do campo limpo ao cerrado sensu stricto. Segundo o mapeamento de Ramos-Neto (2000), predominam as fisionomias abertas de cerrado - campos limpos, campos sujos e campos cerrados - que ocupam 78,5% da área (104.359 ha), especialmente nas áreas planas de topo de chapada. Nessas fisionomias mais abertas, há grandes extensões em que predomina uma espécie de gramínea, o capim-flecha (Tristachya leiostachya) (Ramos-Neto 2000). Na porção sudoeste da reserva, há uma área de campo limpo de cerrado hiper-estacional, ou seja, uma área de cerrado que permanece alagada durante quatro meses do ano, de janeiro a abril. O cerrado sensu stricto ocupa 13,8% da área (18.408 ha), sendo encontrado principalmente nas encostas da bacia do rio Jacuba.

 

Além do cerrado, outras formações vegetais estão presentes no Parque e no entorno: as áreas de campos úmidos, campos de murundus e buritizais representam 4,8% da reserva (6.377 ha) e estão associadas às várzeas dos cursos d'água, as áreas de florestas estacionais semidecíduas e ripícolas ocupam 2,9% (3.853 ha) e estão associadas, respectivamente, a solos mais férteis e a cursos d'água. Os limites entre o cerrado sensu lato e os demais tipos vegetacionais normalmente são abruptos, quer com as áreas de várzeas quer com as manchas de floresta estacional.

 

Na listagem florística (Batalha & Martins 2002a) atualizada das fisionomias de cerrado do PNE e entorno, foram encontradas 607 espécies de plantas vasculares, distribuídas em 304 gêneros e 101 famílias. As famílias mais ricas na flora foram Asteraceae, Fabaceae, Poaceae, Myrtaceae, Lamiaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae, Malvaceae, Rubiaceae e Convolvulaceae, que representaram 66,22% do número total de espécies.

 

Os tipos vegetacionais e as fisionomias de cerrado encontrado no PNE e seu entorno são brevemente descritos na tabela 2:

 

Tabela 2 - Tipos vegetacionais e das fisionomias

 

Tipos vegetacionais

Descrição

Campo limpo

Predomínio de espécies herbáceo-subarbustivas, densidade muito baixa de arbustos e sem indivíduos arbóreos. Ocorre nas áreas mais planas, em que o lençol freático é profundo. Nessa fisionomia, encontramos muitas gramíneas, especialmente o capim-flecha (Tristachya leiostachya). Em fase reprodutiva, dada à altura da sua haste (ca. 3 m) e à alta densidade, o capim-flecha domina a paisagem. Na porção sudoeste da reserva, há uma área de campo limpo que fica alagada na estação úmida, sendo, portanto, uma área hiper-estacional. Nesse campo limpo hiper-estacional há o predomínio de outra gramínea: Andropogon leucostachyus.

 

Campo sujo

predomínio de espécies herbáceo-subarbustivas, mas com densidade maior de arbustos e alguns indivíduos arbóreos esparsos. Como o campo limpo, também ocorre nas áreas mais planas e mal drenadas. A gramínea mais abundante é, da mesma forma, o capim-flecha. Entre as espécies arbustivo-arbóreas, as que se destacam são Eremanthus erythropappus, Mimosa amnis-atri, Pouteria ramiflora, Pouteria torta e Rourea induta, cujas alturas, de modo geral, não passam dos 2,5 m. Em alguns locais mais bem drenados, há uma alta densidade de palmeiras, como Allagoptera leucocalyx, Attalea geraensis e Syagrus flexuosa.

Campo cerrado

predomínio de espécies herbáceo-subarbustivas, mas com uma densidade razoável de arbustos e árvores. Ocorre em áreas mais íngremes, em que o lençol freático é menos profundo. Entre as espécies arbustivo-arbóreas mais importantes estão Anadenanthera falcata, Eremanthus erythropappus, Eriotheca pubescens, Ouratea acuminata, Piptocarpha rotundifolia e Pouteria ramiflora, com alturas de até 5 m. Em alguns locais, os indivíduos arbustivo-arbóreos aparecem entre bambus, notadamente o taquari (Actinocladum verticilattum) e a cambeúva (Apoclada arenicola).

 

Cerrado sensu stricto

predomínio de espécies arbustivo-arbóreas, em densidades muito altas. Ocorre também em áreas mais íngremes e com lençol freático menos profundo. Entre as espécies arbustivo-arbóreas mais importantes estão Anadenanthera falcata, Miconia albicans, Myrcia bella e Piptocarpha rotundifolia, com alturas de até 10 m.

 

Floresta estacional semidecídua

ocorre sobre solos provavelmente mais férteis, em áreas de interflúvio. O dossel fica em torno de 20 m de altura. As espécies mais importantes nesse tipo vegetacional são Anadenanthera macrocarpa, Bauhinia longifolia, Copaifera langsdorffii, Hymenaea courbaril, Licania kunthiana e Tabebuia roseo-alba.

Floresta ripícola

ocorre associada aos cursos d'água, com dossel em torno de 15 m. Entre as espécies mais abundantes nesse tipo vegetacional, estão Geonoma brevispatha, Miconia chamissois, Protium heptaphyllum, Tapirira guianensis, Tococa formicaria, Vochysia piramidalis e Xylopia emarginata. A floresta ripícola pode ser subdividida em ‘floresta galeria', quando as copas das árvores das duas margens se tocam, ‘floresta ciliar', quando as copas das árvores das duas margens não se tocam, e ‘floresta paludícola, quando situada em solo permanentemente encharcado.

Vereda de buritis

as veredas de buritis (Mauritia flexuosa) aparecem em locais com solos permanentemente encharcados, especialmente nas cabeceiras dos rios e, à jusante, entre a floresta ripícola e o campo úmido. Os buritis têm altura em torno de 15 m. No componente herbáceo, há ciperáceas e xiridáceas, principalmente.

 

Campo úmido

ocorre nas várzeas dos rios, entre a floresta ripícola ou a vereda e o cerrado, bem como nas nascentes, em que há o afloramento do lençol freático. A densidade de espécies herbáceas é muita alta, com até 1 m de altura. Predominam ciperáceas, xiridáceas e gramíneas, além espécies de outras famílias, como Eryngium spp. Drosera spp. e Sisyrinchium vaginatum.

 

Campo de murundus

ocorre entre o campo úmido e o cerrado, como pequenas elevações de cerca de 1 m de raio e de 0,2 a 0,5 de altura, nas quais aparecem espécies de cerrado, em meio às espécies de campo úmido nos locais mais baixos.

 

 

Não só a composição florística e a estrutura da vegetação diferem entre as fisionomias, como também difere entre a chapada e as furnas.

 

Das 607 espécies listadas para o PNE, 12 foram consideradas ruderais por Mendonça et al. (1998), isto é, espécies que não ocorrem espontaneamente em áreas de cerrado. Foram registros cerca de 85 espécies de mamíferos nativos no PNE e entorno. Devido à sua riqueza faunística, a presença de espécies raras e ameaçadas de extinção e localização biogeográfica o PNE é uma das mais importantes Unidades de Conservação para a preservação de mamíferos no Cerrado.

 

O PNE e entorno possuem 47,8% da avifauna registrada para o bioma Cerrado, sendo 11 espécies visitantes da América do Norte e sete do sul da América do Sul. Três novos registros de espécies para a lista do Cerrado (Silva 1995b) foram encontrados no PNE: o mergulhão-de-cara-branca Rollandia rolland (Podicipediformes, Podicipedidae) e o mocho-dos-banhados Asio flammeus [(Strigiformes, Strigidae) - (Bagno e Rodrigues, 1998)]; e no entorno: a tijerila Xenopsaris albinucha (Passeriformes, Tyrannidae) na Fazenda Mutum.

 

No PNE, foram registradas 19 espécies endêmicas, sendo 14 campestres e cinco florestais. O PNE e entorno abriga o maior número de espécies endêmicas em seus limites que qualquer outra unidade de conservação federal que tenha a avifauna conhecida . Possui também o maior número de espécies ameaçadas de extinção, seguida pelos PN da Canastra, da Chapada dos Veadeiros e de Brasília.

 

Apesar do PNE não abrigar nenhuma espécie endêmica de distribuição restrita, o parque e adjacências abrigam duas espécies endêmicas raras, como o bacurau-de-rabo-branco Caprimulgus candicans e o caboclinho-de-papo-branco Sporophila palustris, cujas ocorrências (baseadas em registros recentes) no Brasil, limitam-se ao PNE. A seguir, na tabela 3, são citadas algumas das ocorrências mais frequentes na zona do projeto.

 

Tabela 3 - Espécies endêmicas no PNE e descrição da ocorrência

 

Nome científico

Nome Vulgar

Descrição

Amazona xanthops

Papagaio-galego

De ocorrência no interior do Piauí, Maranhão até Bahia, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, até o oeste de São Paulo (Sick 1997). Ocupa áreas de cerrado, caatinga, mata de galeria (Sick 1997). No PNE foi observada em todas as regiões do parque e também em todas as vertentes do entorno. Considerada vulnerável e em declínio pela BirdLife International (2000), porém localmente comum (Sick 1997), sua maior ameaça é a extensa destruição de áreas de Cerrado (BirdLife International 2000). Apesar da BirdLife International (2000) indicar que nenhuma das populações protegidas nas UC´s em que esta espécie ocorre é residente, no PNE a população de Amazona xanthops é abundante ao longo de todo o ano, inclusive com registros de reprodução, o que pode confirmar a sua estabilidade na região.

 

Melanopareia torquata

Meia-lua-do-cerrado

Espécie típica do Brasil Central, vive no campo cerrado, savanas ricas em cupinzeiros e campos sujos (Sick 1997). Ocorre em todas as áreas abertas do PNE e do entorno. Não consta na listagem da BirdLife International (2000) em qualquer categoria de ameaça.

 

Herpsilochmus longirostris

Chorozinho-de-bico-comprido

Espécie típica de matas de galeria no Cerrado; ocorre no Piauí, Goiás, Mato Grosso para o sul até o Paraná (Sick 1997). A espécie foi registrada em todas nas matas do Glória, Jacuba, as matas, mesmo que pequenas. Também foi registrada em todo o entorno do PNE. Não consta na listagem da BirdLife International (2000) em qualquer categoria de ameaça.

Philydor dimidiatus 

limpa-folha-do-brejo

Ocorre do oeste de Minas Gerais a Goiás, Mato Grosso, Paraná e Paraguai, sendo um representante típico do Brasil Central (Sick 1997). Foi observado nas matas da Lagoa e no Jacuba. Também foi registrado na vertente do Paranaíba e no Araguaia. Não consta na listagem da BirdLife International (2000) em qualquer categoria de ameaça.

 

Hylocryptus rectirostris

Fura-barreira

Existem registros para a Bahia e Minas Gerais, oeste de São Paulo, Paraná, sul de Goiás e Mato Grosso, em hábitats de vegetação ribeirinha, no solo ou a pouca altura  (Sick 1997). No PNE foi registrado na Lagoa e fora do parque em todas as vertentes. Não consta na listagem da BirdLife International (2000) em qualquer categoria de ameaça.

 

Euscarthmus rufomarginatus

maria-corruíra

De distribuição restrita ao Brasil Central, ocorre ao sul o Pará, Maranhão e Piauí até o norte de São Paulo (Sick 1997). Foi observado exclusivamente no PNE, nos sítios Cabeceirão, Buriti e Glória. É considerada como vulnerável na listagem da BirdLife International (2000) devido à rápida alteração de áreas naturais de Cerrado, mas tal fato não explica totalmente a raridade desta espécie ao longo de sua distribuição.

 

Antilophia galeata

Soldadinho

Ocorre em todo o Cerrado, indo do Maranhão, Piauí e Bahia a Mato Grosso, Goiás, oeste de Minas Gerais, Paraná e Paraguai e habita a mata de galeria, capões, mata em terreno pantanoso e buritizais (Sick 1997). Esta espécie é comum tendo sido registrada em todos os sítios de amostragem e em todas as áreas do entorno. Não consta na listagem da BirdLife International em qualquer categoria de ameaça (2000).

Cyanocorax cristatellus

Gralha-do cerrado

Espécie campestre típica do Brasil central, ocorrendo do Piauí, Maranhão e sul do Pará a Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo (Sick 1997). Esta espécie é comum em todos os sítios de amostragem e em todas as áreas do entorno. Não consta na listagem da BirdLife International em qualquer categoria de ameaça (2000).

Basileuterus leucophrys

 

Pula-pula-de-sobrancelha

Ocorre no noroeste de São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, vivendo em matas de alagadas de galeria do Cerrado (Sick 1997). Foi observado na Lagoa, Buriti, Glória e Jacuba, dentro do PNE, e em todas as vertentes fora do parque. Não consta na listagem da BirdLife International em qualquer categoria de ameaça (2000).

 

Cypsnagra hirundinacea

Bandoleta

Espécie de ampla distribuição no Cerrado, vive em campo sujo e possui ocorrência para todo nordeste do Brasil a Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Bolívia e Paraguai (Sick 1997). Ocorre em todos os lugares do PNE e nas vertentes do Paranaíba e Araguaia. Não consta na listagem da BirdLife International (2000) em qualquer categoria de ameaça.

 

Neothraupis fasciata

Cigarra-do-campo

Têm registros para o Maranhão e Piauí a Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e leste da Bolívia e usa áreas de capões e cerrado (Sick 1997).  Ocorre em todos os lugares do PNE e somente na vertente do Araguaia. É considerada como espécie próxima de ameaça de extinção também pela rápida conversão de áreas de Cerrado para atividades antrópicas (BirdLife International, 2000).

 

Saltator atricollis

Batuqueiro

É encontrado no Paraguai, Bolívia e Brasil, de Mato Grosso e Goiás  adentrando no interior da região leste e nordeste (Sick 1997). Habita áreas de cerrado e paisagens abertas (Sick 1997). Ocorre em todos os lugares do PNE e em todas as vertentes. Não consta na listagem da BirdLife International em qualquer categoria de ameaça (2000).

 

Porphyrospiza caerulescens

campainha-azul

Ocorre na Bolívia e Brasil, do Maranhão a sudeste do Pará, Piauí, Bahia, oeste de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso, em áreas de cerrado aberto com pedras e capim ralo (Sick 1997). No PNE, somente é observada na região do Jacuba onde existem os afloramentos acompanhados de bambus. No entorno só foi observada na região do Taquari. É considerada como espécie próxima de ameaça de extinção também pela rápida conversão de áreas de Cerrado para atividades antrópicas (BirdLife International, 2000).

 

Charitospiza eucosma

Mineirinho

Ocorre na Argentina e Brasil, no sudeste do Pará e interior do Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, norte de São Paulo, Goiás e Mato Grosso (Sick 1997). No PNE foi observada nos sítios Cabeceirão, Buriti, Glória e Jacuba e no entorno somente na vertente Paranaíba. É considerada como espécie próxima de ameaça de extinção também pela rápida conversão de áreas de Cerrado para atividades antrópicas (BirdLife International, 2000).

 

Poospiza cinérea

capacetinho-do-oco-do-pau

 

Têm registro para Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e norte de São Paulo (Sick 1997). Habita áreas de cerrado estrito senso e para o PNE é conhecida apenas de literatura, não tendo sido encontrada nas expedições de campo. É considerada como vulnerável na listagem da BirdLife International (2000) devido à rápida alteração de áreas naturais de Cerrado, restando agora apenas populações escassas e muito locais.

 

 

Foram registradas 88 espécies de répteis squamata na região: das 57 espécies de serpentes, 45 pertencem à família Colubridae (seis Colubrinae, seis Dipsadinae, 33 Xenodontinae), seguindo o mesmo padrão de comunidades neotropicais ao sul da Amazônia, com predomínio da Subfamília Xenodontinae; as demais espécies pertencem às famílias Anomalepididae (uma espécie), Leptoptyphlopidae (uma espécie), Boidae (três), Elapidae (duas) e Viperidae (quatro). No interior do PNE, a espécie mais comum é Bothrops neuwiedi pauloensis (jararaca rabo-de-osso), principalmente nas áreas de campo limpo e campo sujo, onde se abrigam de predadores, variações térmicas, insolação e de chuva sob cupinzeiros e no interior de cavidades no solo. As outras espécies de serpentes mais comuns na região foram Bothrops alternatus, Crotalus durissus, Tantilla melanocephala e Philodryas aestiva. Foram encontradas ainda três espécies de sepentes registradas no PNE (os boídeos Boa constrictor, Epicrates cenchria e Eunectes murinus) .

 

Em toda a área amostrada foram registradas 28 espécies de lagartos pertencentes a oito famílias: Anguidae, Geckonidae, Gymnophtalmidae, Scincidae, Hoplocercidae, Polychrotidae, Teiidae e Tropiduridae. Foram também encontradas três espécies de Amphisbaenidae, todas pertencentes ao gênero Amphisbaena.

 

Devido a diferenças topográficas e fitofisionômicas, diversas espécies não registradas no PNE foram encontradas nas áreas do entorno, como Typhlops brongermianus, Helicops polylepis, Chironius exoletus, Vanzosaura rubricauda, Mabuya nigropunctata, Micrablepharus maximiliani, Coleodactylus meridionalis. Algumas dessas espécies estão associadas a hábitats florestais, pouco representadas no PNE.

 

Apenas uma espécie de jacaré foi (Paleosuchus palpebrosus) foi registrada no PNE, único quelônio registrado foi Phrynops gibbus.

 

Quanto aos anfíbios, 27 espécies foram registradas na região, sendo 26 anuros e uma Gymnophiona. Destas, 22 ocorrem no interior do PNE e cincos foram registradas apenas nos fragmentos do entorno.

 

De 13 espécies de lagartos endêmicos do Cerrado, oito ocorrem no Parque e adjacências, o que o torna uma área de grande interesse para conservação da fauna do Cerrado. Com relação às serpentes, as informações na literatura não permitem que seja feita tal comparação, uma vez que os dados disponíveis são bastante escassos; é possível afirmar que várias espécies raras e/ou mal representadas em coleções científicas foram observadas durante os estudos, destacando ainda mais a importância do Parque, como por exemplo, Rhachidelus brazili, Lystrophis nattereri, Leptotyphlops koppesi, Philodryas livida, Liophis maryellenae, entre outras.

 

Nessa região estão registradas 26 espécies ameaçadas de extinção. Quase todas as espécies ameaçadas estão presentes no Parque Nacional de Emas e entorno, o que faz dessa unidade uma das mais importantes áreas de proteção do Cerrado e Pantanal. Entretanto, mesmo considerando o seu tamanho e estado de conservação, as espécies ameaçadas somente poderão persistir no longo prazo caso a paisagem no entorno dessa área seja adequadamente manejada.

 

Assim, o envolvimento de proprietários rurais e das prefeituras presentes na área do corredor corresponde a uma estratégia primordial de implantação do corredor. Reservas privadas são importantes para facilitar a dispersão de animais e das plantas carregadas por eles ao longo da paisagem e também para proteger, ainda que temporariamente, indivíduos que se locomovem na paisagem.



[1] http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/Abertura.html

[2] http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_33_911200585232.html